Primeira semana da Quaresma
Palavra de vida eterna
Para cada semana da Quaresma, há uma proposta de Palavra a ser vivida. Procure traduzi-la em gestos bem concretos. Trata-se de uma evangelização progressiva, na qual a Palavra do Senhor entra em nosso cotidiano. Para a primeira semana, aqui está a Palavra a ser traduzida em vida: “Quando a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, se manifestaram, Ele nos salvou, não por causa de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, e fomos lavados pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3,4-5).
Na arca da igreja
O Brasil inteiro conhece o frei Hans Stapel OFM, um homem cheio de sabedoria, fundador, junto com Nelson Giovanelli, da Fazenda da Esperança, destinada, em seus vários centros, à recuperação de toxicodependentes através do caminho da evangelização. É de frei Hans a observação a respeito de nosso tempo, visto como um verdadeiro dilúvio, no qual urge um esforço para que muitos entrem na Arca da Igreja. Depois da chuva, nasce uma humanidade nova (cf. Gn 9,8-15). Sabemos que muitas pessoas não conseguirão entrar nessa Arca, mas sabemos também que o Deus misericordioso apontará caminhos para os que assim se encontrarem. Na Fazenda da Esperança, muitos são os jovens e adultos que, resgatados do dilúvio dos vícios e do pecado, acreditam na Palavra do Senhor, deixando tudo para, com Cristo, construir a humanidade nova. Em Lajeado, Tocantins, no mês de dezembro, um jovem chamado Samuel, recebendo os Sacramentos da Iniciação Cristã, ao ser chamado pelo nome e perguntado sobre seu desejo de ser batizado, foi além da resposta ritual, abriu seu coração e respondeu: “É o que eu quero, de todo o coração!”. E o disse depois de um passado marcado pelo vício e pela maldade! De fato, aprendemos
neste primeiro domingo da Quaresma:
“Também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados – o Justo pelos injustos – para nos conduzir a Deus. Padeceu a morte em Sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que Ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando Deus aguardava com paciência, enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito, se salvaram através da água. Esta água prefigurava o batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma consciência boa, pela ressurreição de Jesus Cristo” (1Pd 3,18-21).
Quando Jesus esteve no deserto e ali foi tentado pelo demônio, desceu ao poço mais profundo da condição humana para mostrar, com Seu exemplo, o caminho da vitória contra o mal (cf. Mc 1,12-15). Mantendo-se fiel ao Pai, mos-trou o caminho e abriu a estrada da liberdade. Depois, foi para a Galiléia e pregou a conversão, a coragem de um homem para afastar-se de seu caminho habitual, voltando-se a outra direção. De fato, é na conversão e na calma que está a salvação, na tranqüilidade e na confiança que está a força (cf. Is 30,15). Não há outra saída a não ser se converter. Não se trata de retocar algo em nossa vida, mas de mudança radical de mentalidade, de valores e escolhas. A pessoa que percorre a estrada da conversão descobre a oração como abertura a Deus e como meio de discernimento, na estrada da dignidade com a qual Deus criou cada ser humano.
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